"(...) A exposição acredito que está muito bem articulada: os desenhos "normais", as caixas e o vaso fecham um conjunto coerente que vai do motivo ao enquadramento do motivo (literalmente). Vejo nos desenhos a continuidade do teu projeto de articular a informação sintética com a origem da informação - os motivos. E mais ainda, os desenhos nas caixas são um passo adiante na medida em que, ao abolir a moldura incorporando-a ao desenho, estás promovendo aquilo que é o teu mote - trazer da natureza real o motivo na sua forma mais elementar, sintética e pura. Abolir a moldura transformando-a em obra, ou parte da obra, é negar a diferença entre arte e natureza, entre o criado e o natural, entre o mundo e o trabalho do artista. Vejo uma exposição elementar, na medida em que todo o supérfluo foi eliminado. Evidentemente que as articulações são sutis e refinadas: afinal, quem mais a não ser tu poderia expor o vaso com as flores que lhe serviram de motivo? Está tudo lá: a natureza das flores, a artesania do vaso, a elementaridade do desenho linear emoldurado, o questionamento do próprio desenhar nos desenhos que avançam pela moldura. (...)"
Paulo Gomes
Verão 2009
Verão 2009
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